A ANPC- Associação Nacional dos Produtores de Cacau, emitiu em suas redes sociais uma nota de repúdio perante a apatia do governo brasileiro, perante a chegada de navios com amêndoas importadas da África no porto de Ilhéus/Ba, na manhã desta quinta-feira (29) . O manifesto é referente às constantes denúncias feitas pela associação sobre a ausência de legislação adequada do Ministério da Agricultura com relação a segurança fitossanitária, visto que a atual Instrução Normativa nº 125, permite a chegada de cacau africano sem a utilização de substância eficaz ao controle de pragas quarentenárias, nocivas ao cacau, pondo em potencial risco a produção nacional, em especial a do sul da Bahia.
“Hoje dia 29 de dezembro de 2022 no final do dia estará chegando mais um navio carregado de amêndoas africanas. Amêndoas de cacau sujas com sangue africano e possivelmente infectadas de pragas e doenças africanas, pois estas não possuem o tratamento fitossanitário adequado. E ainda, as importações colaboram para manter alto os estoques das moageiras permitindo assim que essas indústrias controlem o preço do mercado interno. Os preços baixos só se observam ao longo do ano. Não há quem defenda o produtor nem quem respeite a produção do cacau brasileiro. Estamos em risco, e precisamos de ajuda”, disse Vanuza em ato de indignação perante a ausência de ação das autoridades vigentes perante ao risco que a carga importada apresenta à produção de cacau do Brasil.
Confira o que diz a nota:
NOTA DE REPÚDIO
Ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Exmº Ministro
O Sr. Marcos Montes
A ANPC- Associação Nacional dos Produtores de Cacau, por meio da sua presidente, Vanuza Barroso, torna público o repúdio de seus associados ao descaso com que o atual Governo Federal/ MAPA vem tratando a cacauicultura e a segurança fitossanitária de importação, ao manter em vigor a IN125, que torna a produção de cacau brasileiro vulnerável à contaminação por pragas africanas, devido a ausência da substância Brometo de Metila, única com comprovada eficácia no controle das pragas Striga de Phytophthora Megakarya.
Este descaso se consolidou com a chegada do navio de carga, que atracou no porto de Ilhéus/Ba, na manhã desta quinta-feira (29), evidenciando o desrespeito do Governo Federal/MAPA ao pedido de fiscalização emitido pelos produtores de cacau, em especial os que possuem propriedades no sul da Bahia.
Segundo fontes de mercado na África, emitidos ao site Mercado do Cacau ( Novo carregamento de cacau importado da África ancora no porto de Ilhéus - Ba - Mercado do Cacau), o cargueiro Jade de bandeira Panamenha, ancorou no porto do Malhado em Ilhéus/Ba, trazendo o volume de 13 mil toneladas de cacau oriundos da Costa do Marfim. Os montantes serão distribuídos entre as três moageiras locais, instaladas no parque industrial, sendo: 7000 mil tons Barry Callebaut, 4.750 tons Cargill e 2.250 tons para Ofi( Olam). O site informou ainda que o próximo carregamento chegará em março próximo, trazendo aproximadamente 10 mil toneladas.
Vale ressaltar que segundo dados do IBGE, o Brasil já possui autossuficiência na produção de cacau, tendo alcançado no ano de 2021 um total de 302 mil toneladas, portanto não havendo necessidade de importação por parte da indústria.
Diante dos dados e fatos, a ANPC, lamenta que em seus últimos dias de governança o Governo Federal/MAPA registre seu desrespeito a luta dos produtores de cacau do Brasil, que tanto faz pela economia e agricultura nacional.
Ilhéus, 30 de dezembro de 2022
Vanuza Barroso
Presidente ANPC
Confira as ações desenvolvidas pela ANPC para revogar a IN 125 e defender a segurança do cacau nacional.
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