Uma nova carga de cacau africano está se aproximando da costa brasileira, sendo trazida pelo cargueiro Pichon, com bandeira de Singapura, que deixou o porto de San Pedro na Costa do Marfim, em meados de janeiro, onde foi abastecido com 10 mil toneladas de cacau, a pedido da indústria moageira que está instalada em solo brasileiro.
A previsão de chegada do navio é entre os dias 16 e 17 de fevereiro, mas o que depender dos produtores de cacau do Brasil, o desembarque não será tão simples.
A ANPC- Associação Nacional dos Produtores de Cacau, encaminhou hoje (10), ao Ministério da Agricultura e Pecuária, um ofício de alerta, relembrando ao titular da pasta, o ministro Carlos Favaro, os riscos fitossanitários que a carga pode trazer as lavouras de cacau do país, uma vez que a IN125 permanece em vigor, sem que o governo brasileiro enrijeça as medidas sanitárias para fornecer maior segurança a produção de cacau nacional.
“Considerando as inúmeras tentativas pacíficas, em busca da resolução para impedir a entrada do cacau africano ao território brasileiro, devido aos atuais mecanismos ineficazes para o controle fitossanitário dos mesmos, fruto da irresponsável IN125…
…Informamos que, caso não tenhamos a imediata resposta, a fim de impedir que a carga africana chegue em território nacional, lamentavelmente, os produtores de cacau do Brasil, tomarão medidas mais agressivas, como possível fechamento da BR-101, a fim de chamar a atenção das autoridades competentes e da sociedade brasileira sobre a gravidade da causa”, disse o documento assinado pela presidente da associação, Vanuza Barroso, o qual pontua a trajetória de denúncias protocoladas, incluindo as investigações realizadas pelo Ministério Público Estadual e Federal. e a morosidade das autoridades políticas para encaminhar soluções eficazes para o drama vivenciado pelo produtor de cacau brasileiro. “Lembramos a Vossa Excelência que a produção de cacau nacional é autossuficiente (IBGE/2021) e que as lavouras brasileiras não podem se submeter aos riscos fitossanitários, impostos pela indústria, para atender os interesses comerciais das mesmas. Reforçamos aqui, que a segurança do agronegócio cacaueiro é de interesse e responsabilidade de todos”, disse no documento.
No dia 29 de dezembro do ano passado o Brasil recebeu uma nova importação de cacau, também oriunda da Costa do Marfim. Para Vanuza, a movimentada relação comercial das moageiras é estratégia, já que o movimento contra a IN125 está a cada dia mais forte no Brasil.“ O que a indústria quer é receber os benefícios do Drawback, ou seja importar com imposto e taxa zero e exportar o cacau e seus derivados também sem pagar imposto. O lucro pelo lucro movimenta a indústria, mesmo que a saúde de uma cultura agro sofra riscos fitossanitários. Mas a resposta que os produtores querem é a do governo brasileiro: Nossas autoridades estão de acordo com esta irresponsável conduta?”, questionou Vanuza, explanando o sentimento de revolta e indignação dos produtores de cacau representados pela ANPC.
Segundo informações publicadas pelo site Mercado do Cacau, além do cargueiro Pichon, haverá um próximo embarque de origem africana, que será realizado também no mesmo porto de San Pedro, no início de março próximo e contará com o volume total de 12.500 tons, sendo: 8.000 tons para ofi (OLAM) e 4.500 Barry Callebaut. A chegada prevista desse lote, será no final do mesmo mês”, informou o site.
ascom ANPC
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