Ascom ANPC
A Associação Nacional dos Produtores de Cacau (ANPC) participou nesta terça-feira (21), de audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), que discutiu os impactos da importação de cacau africano para o Brasil.
Na oportunidade, a presidente da ANPC, Vanuza Barroso, apresentou um panorama sobre a atual situação dos cacauicultores, que têm sido prejudicados pela Instrução Normativa nº 125 (IN125), emitida pelo Governo Federal, na gestão passada, que deu autorização para a entrada de amêndoas vindas de países africanos.
O primeiro aspecto a ser tratado é o fitossanitário. Existe grande risco da incidência de doenças, ainda não existentes no Brasil, pelo fato de que as amêndoas não recebem o manejo adequado na hora da secagem. O pós-doutor em fitopatologia, Jadergudson Pereira, apresentou as incoerências do relatório emitido pelo Ministério da Agricultura quando do processo para a publicação da IN125.
O segundo aspecto está ligado às questões econômicas. Todas as vezes que um carregamento desembarca no Brasil com amêndoas vindas da Costa do Marfim, o cacau brasileiro sofre deságio e os preços caem. “Os produtores estão largados às traças. Estamos sendo engolidos pela indústria e por normas governamentais equivocadas. De acordo com o IBGE, o Brasil é autossuficiente na cacauicultura, por isso, não existe a necessidade de importação. Mas, então, por quê ela acontece? Porque a indústria quer pagar o menor preço. Isso não é justo”, explicou Vanuza Barroso, presidente da ANPC.
A maioria dos deputados foi a favor da criação de uma comissão especial para que a Alba faça visitas às propriedades de cacau, às indústrias e ao porto de Ilhéus, para ver in loco, a real situação dos produtores baianos.
O deputado Hassan (Progressistas), propositor da audiência pública, sugeriu que os parlamentares levem ao conhecimento do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e das demais autoridades, a necessidade de atuação política para que seja revogada, imediatamente, a IN125, a fim de que seja discutida uma normatização mais pertinente, segura e justa. “Não podemos correr riscos fitossanitários. Os produtores de cacau vêm sofrendo com a vassoura de bruxa e com todas as outras questões, como a falta de incentivo, falta de apoio à produção”, ressaltou o deputado.
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